segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ah, não sei. Não dá. Já tentei. Agora junte as mãos em prece santa. Junte os pés em vias retas. Junte nossos abraços meio tortos. Meio desajeitado, por nossas medidas tão estranhas. O meu inglês tão indeciso e o seu francês tão inventado. Foram vendidos no mercado. Assim, tão simples. E o que ficou já me disfarça, quando invento um cigarro. Uma bebida tão ingênua, apenas para não lembrar. Quando trago fico feio. O cigarro me acha belo. Se a verdade eu dissesse.

sábado, 27 de junho de 2009

Em um pote espaçozo, coloquei todas as rezas que consegui encontrar. Quis ser vidente, e foi evidente meu fracasso. Misturei rezas, com um pouco de leite. Me queria forte, para não ser doído adiante. Não adiantou. Pois quem me fez rezar, rezou ao céu com cereais.
Usa-lhes estes dotes. Não foram feitos por acaso, e nem por teimosia. Mesmo você batendo o pé até o chão afundar-se de fato. Pela mesma teimosia, talvez. Use a imaginação, e não deixe o amuleto cair. Ele é frágil, bonito. O amuleto das crianças, dos mitos. De cantores que ainda não cantaram para além dos seus próprios ouvidos. Use recortes de jornais, ou de revistas passadas. Faça uma barreira colorida e dê vida a ela. Depois faça uns traços na poesia e a deixe mais sua. Talvez, use-me um pouco. Talvez, use-me de tolo. Ou talvez, use meu coração. Uma vez que seja, antes que ele vire terrorista. Como el diablo de tu corazón.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Tantas histórias explodem aos meus ouvidos. Algumas nascem dos miolos caducos que me criam. Outras dos miolos mais caducos ainda de quem inventa. Mas a mais certa das histórias é simples, e veio dos meus miolos: Quem me trás a falta, é bobo; Quem me trás a saudade, é especial.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Vê o vento que vem lá? Forte e soberbo. Feito um pássaro. Delicado só na hora de pedir, e na hora de matar. Vê o vento que vem lá? Fraco e humilde. Feito um vento. Enquanto isso meu barco perde a lei, o sentido e a direção. Vai à fundo, e sem problemas foge do seu cais. Que lhe esperava de madeiras abertas. Como um braço e o seu abraço. Vê o vento que vem lá? Se não vê, não virá.

domingo, 21 de junho de 2009

Que promessa fajuta que te fiz. Enquanto a bobagem se embreagava de palavras. Umas triste, outras chulas. Umas feias, outras quentes. Tantas sem verdade. Me aproximei da garrafa, dentro havia vácuo. Havia também os rótulos. Muitos diziam o contrário. Porque ser do contra era moda. E quando a moda se tornou concordância, perdeu-se. Então a moda, de tão mudada, virou passado.
Que coragem teve ele. Tomou um banho de vento, e se secou com a garoa. Que a garota se molhava. Assim porque não sabia imaginar.

sábado, 20 de junho de 2009

Que rosto lavado encontro ao avistar o espelho. Cansado e sozinho. O homem está velho demais pra tudo isso, pro que de melhor há de vir. Cantando manias se enche de falhas. Umas tão graves que se tornam piadas. Hoje o sal me fez um doce. Foi tão doce até as horas, aquelas horas, quando você já não estava mais. Ouvi um grito. Era o silêncio. O silêncio e o meu rosto zangado.